Na Trácia havia um Deus chamado Dioniso, Deus da vinha e
da embriagues. Mas os gregos conservadores viam com suspeita os
seus ritos e combatiam sempre que podiam seus seguidores.
O Primitivo
cortejo de Dioniso consistia numa festa campestre onde iniciavam uma caçada
animal, de algum modo encarnavam o deus adorado. Musicas, danças,
vinho, fumaça de certas sementes tudo isso excitam os fieis à orgia mística;
estando eles disfarçados com peles de chifres de animais selvagens, chegam a
uma espécie de furor, que os induz a precipitar-se no rastro do animal sagrado,
quando encontrado é morto e despedaçado e devorado, numa furiosa confissão
humana de sede do divino e confuso anúncio da comunhão. Uma cena emblemática
onde Dioniso triunfa.
É a união entre os
homens e a natureza selvagem. festeja-se tudo, celebra-se para tudo, a colheita
d uva até a morte e ressurreição da vinha, lembrança da morte
e ressurreição do próprio deus.
Durante muito
tempo o culto ficou longe das cidades, civilizadas
e apolíneas.
Em algum momento
do ritual ocorreu uma mudança o ditirambo
o canto lírico. Um dia o coro
teria dividido em dois os corifeus dialogavam , mais ainda se tratava
de alguém de quem se
falava.
Certo dia um dos
corifeus falou em nome do deus, assumindo a sua existência," Eu
sou Dioniso" Um grupo de pessoas ébrias de vinho e musica, ébrias de entusiasmo,
suscita a fictícia aparição do próprio Dioniso que passa a falar e agir em seu
próprio nome, num verdadeiro aqui e agora. Esse é o embrião de uma
representação teatral.
D'Amico, Silvio, Storia del teatro drammatico. Milano, Garzanti, 1960
Estudo de história da cultura clássica. Lisboa, Fundação C. Gulbenkian, 1967
Pois o objetivo do teatro, a principio e agora, foi e é oferecer uma espécie de espelho à natureza, mostrar à virtude os seus próprios traços, à derrisão a sua exata efígie, à sociedade a verdadeira imagem do seu tempo...(Hamlet, Shakespeare, Cena II do III Ato)