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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Ainda lembro com saudades!


Era mais ou menos às 17h da tarde eu e minha família voltávamos de Rio Branco para fazenda na C10 de meu pai na BR 317. Todos na boleia, de longe avistamos muita fumaça, coisa incomum pois quando a floresta queima não sai fumaça preta, ficamos tentando adivinhar o que estaria acontecendo e onde? Meu pai acelerava. Minha mãe dizia... Calma Claudio! Acho que ele já  pressentia o acontecimento.
A medida que nos aproximávamos ficávamos mais apreensivos, estava muito perto da fazenda Santa Luzia "Fazenda de meu pai", minha mãe dizia é na fazenda Cláudio!! O Fogo vem da fazenda! Na sede havia um barracão imenso cheio de mercadorias "castanhas, borrachas, milho etc...Era lá que eu passava a maior parte de meu tempo brincando e caçando ratos. Nesta época é fim do fim do ciclo da borracha, mas ainda havia produção. Aos domingos o terreiro do barracão do seu Salim Fahar ficava pinhado de castanha e borracha "eu ainda conseguir ver isso". Chegando na sede da fazenda constamos  de cara que era uma das casas do terreiro grande, essa casa tinha muita mercadoria também lá ficava todo o maquinário como motosserras, ferramentas e roçadeiras etc.. Meu pai não conseguiu levar o carro até a sede deixou a gente no meio do caminho e saíram ele e minha mãe correndo em direção a sede que ficava uns duzentos metros, com uma recomendação. Não saiam do carro! Você fiquem aqui! Entenderam? Nós assuntados sem entender direto tudo aquilo ficamos, mas morrendo de curiosidade! Só víamos o povo correndo de um lado para outro com balde de água, mas o fogo estava alto demais era quase impossível conter tanta chamas. A casa ao lado era a casa que morávamos corria o risco de pegar fogo também. Foi impressionante ver tanta solidariedade todos os vizinhos das fazendas próximas vieram ajudar e os pinhões da fazenda também. Eu e meus irmão só chorávamos e a medida que eles iam contendo o fogo nós íamos nos aproximando ao ponto que minha mãe nem notar que estávamos ali apreciando tudo aquilo, morrendo de medo. Eu deveria ter uns 7 anos, nós éramos quatro irmãos, aquele dia marcou as nossas vidas. Ficamos dias e meses falando só no assunto até meu pai retirar do terreirão todo os restos da velha casa de paxiubão.
E o que era grande ficou maior ainda, o terreirão que minha mãe passava horas a varrer com uma vassoura de açaí agora era imensidão, brinquei muito ali, tinha muita areia parecia praia, adorava arrodiar a casa a cavalo e ir em direção aos paus de campo que eram muitos e faziam um bosque lindo, ali eu e meus irmão vivemos os nossos melhores momentos de nossa infância, uma infância que todos deveriam ter o direito de viver.